Se tens visto os últimos vídeos da Cybercafé, então já deves ter apanhado o nome do Rafael Semedo nos créditos. O gajo tem estado atrás da lente a captar alguns dos momentos mais pesados da cena, e agora, com o “1500 Dias” cá fora, era a altura certa para trocarmos umas palavras. Falámos sobre como começou a filmar, as sessões que quase o fizeram arrancar os cabelos e o que o mantém motivado para continuar a apontar a câmara para quem está a rebentar.

Para quem ainda não te conhece, quem é o Rafael Semedo? Como te apresentas?
Sou o Rafa, tenho 21 anos e o skate foi das melhores coisas que já me aconteceram.
O skate levou-te para o mundo da filmagem ou já tinhas interesse nisso antes?
A crescer, gostava muito da cena de editar vídeos e coisas desse género, tanto que tentei ser YouTuber de Minecraft várias vezes, mas sem sucesso hahaha. Mas sim, já tinha interesse nisso. Antes de filmar, gravava os homies no local park, clips para o Insta, e nisso diziam-me que tinha jeito para gravar. Então, acabei por falar com eles a dizer que gostava de fazer algo com skate, fosse tirar fotos ou filmar, e por fim, meses depois, trabalhei num restaurante e juntei o suficiente para comprar a P2.

Rodrigo Moreira – Hellflip
Lembras-te do primeiro vídeo que editaste? Como é que olhas para ele agora?
Perfeitamente. Foi o “Duduse7e” e eu não fazia ideia do que estava a fazer hahaha. Acho que até o editei no CapCut do PC, se não me engano. Esse vídeo faz-me sempre voltar atrás e pensar em tudo o que fiz até agora. Comecei por pura diversão e agora é algo que quero para o resto da minha vida. É muito gratificante ter recebido imenso apoio dos amigos e da família, que é o que me dá mais motivação para continuar.
Filmar e andar de skate são duas coisas completamente diferentes. O que é que te dá mais pica?
Depende do dia. Mas gosto imenso de ambos, então não consigo escolher.
O “1500 Dias” acabou de sair e parece que já está a fazer barulho. Como é que foi estar envolvido neste projeto?
É uma grande mistura de bons sentimentos. É uma enorme satisfação fazer parte de algo que move imensas pessoas. É sempre uma honra fazer parte destes projetos, é uma sensação indescritível.
Houve alguma sessão no “1500 Dias” que foi um pesadelo para conseguir?
Houve alguns clips que foram um pouco stressantes, mas que acabámos por vencer essa batalha. Como, por exemplo, o Fs Tail Heel Out do Sarreira, para o qual tivemos de ir lá algumas vezes. E para não falar do flip do Moreira, que obliterou-o completamente hahaha. Infelizmente, levou com o skate na cara, o que lhe tirou um bocado de confiança e, depois disso, lesionou-se numa viagem. Então, ficou com essa por dar, mas ele vai vencer essa também.

Luis Ceita – Verial Flip
Tens alguma filmagem que ficou de fora mas que gostavas que o pessoal tivesse visto?
Infelizmente, sim, mas porque perdi o clip hahaha. O second angle ia mostrar melhor o quão difícil era a manobra. Mas, basicamente, fomos numa trip para o Porto, e o Crespo deu Nose Bump num rail. Esse era o nosso último dia lá e, como já tínhamos feito o check-out, não íamos voltar para o BNB para passar o clip. Dias depois, quando fui noutra sesh, tinha na cabeça que já tinha passado os clips para o PC, então acabei por formatar o cartão e perder o clip. Mas depois dessa, tenho sempre muita atenção e passo logo os clips assim que chego da sesh.
No vídeo, temos skaters como Daniel Crespo, Luis Ceita, Thaynan Costa…Como foi trabalhar com esta malta toda?
Não tive a oportunidade de filmar com algumas pessoas que estão no vídeo, mas com as que trabalhei diretamente foram sempre boas aventuras. Cada dia é diferente, e é sempre bom passar o dia com quem gostamos, mesmo que não tenha rendido nenhum clip.
Como vês a Cybercafé na cena do skate em Portugal? É só uma loja ou já se tornou algo maior?
Algo maior, sem dúvida. Sinto que a Cyber tem trazido muita atenção da malta de fora e tem dado um boost enorme ao cenário de Portugal, seja pela loja em si, pelos projetos ou pelos eventos.
Além do “1500 Dias”, tens no teu portfólio vídeos como MANUEL MARIA, Happy Birthday Crespo, CAFEZITO do Tiago Sarreira, PARKING LOT, CHEAP MOTEL, O que é que mais te marcou em cada um deles?
O “CHEAP MOTEL” é bastante marcante para mim, pois foi o primeiro projeto onde foi usado um clip que filmei pela primeira vez. Até tenho um sticker da Cheap na câmara como uma lembrança desse dia. O Cafezito foi o segundo projeto em que participei e gostei bastante de trabalhar mais com a Cyber e com o Sarreira. Foram experiências únicas.

E um vídeo que filmaste sem expectativas e acabou por ficar brutal?
Diria o “Parking Lot”. Um edit onde fomos para um estacionamento skatar, levei a minha câmara e acabou por originar um dos meus edits favoritos.
O que procuras quando estás a filmar? É mais sobre a manobra ou sobre captar o momento certo?
Vou-me adaptando consoante a manobra e o spot, mas regra geral gosto sempre de apanhar o skater todo e o ambiente que o rodeia.

Rodrigo Moreira – Verial Heelflip
Tens uma estética muito própria. Há alguma referência que te inspirou a filmar e editar da forma como fazes hoje? A cybercafé tem alguma influencia?
A Cyber teve uma grande influência, pois antes de ter a câmara estava a “estudar” como filmavam skate e nisso acabei por ver imensas vezes o Cyberia 2000. Não sei porquê, mas é um vídeo que sempre gostei de ver vezes sem conta. Assim como o “Angelina” do Daniel Galli e os vídeos do Ben Chadourne. Acho incrível a criatividade dele, seja a filmar ou a editar. Ele acaba sempre por ter uma abordagem diferente do habitual. Essas são as minhas três referências.
Achas que hoje em dia as pessoas dão mais valor a quem está atrás da câmara ou os filmmakers continuam a ficar na sombra?
Diria que hoje em dia são mais valorizados, dependendo de quem seja, acho eu. Mas posso estar errado. É complicado chegar ao ponto de viver só disso como filmer, a não ser que feches um contrato com alguma marca ou que tenhas outras fontes de rendimento que te deem liberdade para tal. Há casos e casos, uns chegaram longe mais cedo que outros, mas no fim é ser consistente e lançar bons projetos para que a malta apoie mais.

Wesley Barros – Ollie
Com tanta gente a filmar e editar os seus próprios vídeos, sentes que isso mudou a forma como o skate é consumido?
Acredito que há mais conteúdo disponível para vermos, o que é bom na minha opinião.
Agora que o “1500 Dias” saiu, qual é o teu próximo passo?
É só continuar a filmar mesmo, participar e lançar o máximo de projetos que der.
Tens algum projeto pessoal em andamento ou estás só a curtir o momento?
Os dois hahaha. Estou a fazer o que mais gosto, então é um 2 em 1. Mas sim, tenho reunido material para lançar um projeto a solo.
Se pudesses filmar um projeto com qualquer skater, quem escolhias?
Difícil escolher, é muita gente mesmo.
O que é que te mantém motivado para continuar a filmar e editar vídeos de skate?
O apoio que recebo é o que mais me motiva, seja dos meus amigos, da minha namorada, da família ou até mesmo de pessoas que não conheço, seja nas redes sociais ou até em público nas skatinhas que vamos. E saber que há uma oportunidade de fazer algo grande que muita gente gosta também.

Daniel Crespo – Ollie Grab
Como é filmar skaters que estão no auge da cena? Há mais pressão para captar tudo da melhor forma ou continua a ser só uma sessão normal?
Não diria pressão, mas sim foco. Independentemente do skater, filmo sempre focado para que não haja erros e para que o clip fique como imagino.
Achas que Lisboa e o resto de Portugal estão a tornar-se um destino obrigatório para crews internacionais?
Sim, tenho visto cada vez mais gente a vir para cá skatar. Tem de tudo um pouco, então é um bom destino para uma trip.
Alguma vez te apanhaste a filmar alguém e pensaste: “Este gajo vai ser um nome grande no skate”?
Os amigos. Sinto que algo grande nos espera. A jornada não é nada fácil, mas no fim vamos vencer todos.

Obrigado por alinhares em fazer a entrevista!
Obrigado eu pelo convite!
Espero que consigas alcançar os teus objetivos e lançar mais projetos, porque nos vamos estar aqui para os ver!
E vou! Obrigado pelo apoio🙏🏾❤️